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A série de matérias que o portalnoar.com publica neste domingo(03) se propõe a mostrar uma realidade esquecida, com números que chocam e com histórias que emocionam.

 

Neste momento, enquanto você, leitor, se depara com esse texto, 21 adolescentes estão em abrigos em Natal esperando para serem adotados. Ao mesmo tempo, há 221 pretendentes a pais cadastrados para adotar uma criança. 

 

Apesar de todo esforço do Judiciário para reverter fatores que dificultam as adoções, a crueza dos números não para por aí. As estatísticas disponibilizadas pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) revelam que persiste a preferência dos pretendentes a pais por crianças brancas e com menos de três anos. Isso é um dos grandes empecilhos à adoção.

 

Dos 33.471 candidatos registrados, 26,55% só aceitam adotar crianças brancas. Apenas 43% de todos os inscritos admitem ser pais de crianças negras. Quanto à idade, quanto mais velha a criança, menos chances tem de ser adotada. O cenário das infâncias esquecidas se desenha nesse contexto, assim delineado:

 

Os pretendentes que aceitam crianças com até 12 meses de nascimento é de 11,97%. O número cresce até os três anos de idade, quando se apresentam simpáticos à adoção 20,03% dos candidatos. Daí para frente, é uma espiral descendente. Crianças de quatro ou cinco anos, têm a simpatia de 12% dos candidatos; seis anos, 4,94%; sete anos, 2,41%, e oito, 1,19%.

 

A estatística se aproxima do zero total a partir dos 16 anos. Só 0,04% dos candidatos a pais adotivos cogitam acolher um adolescente nessa idade. Esse cenário é o grande obstáculo entre o desejo e a adoção. Os critérios de escolha praticamente ceifam as oportunidades. Assim, quem espera nos abrigos por um lar e não têm a pele clara, de tanto esperar, sequer são mais crianças. Debutaram na adolescência, com suas infâncias esquecidas.

 

Para mostrar essa realidade, fomos atrás de personagens reais. Todos os adolescentes que aparecerão nos textos seguintes foram batizados com nomes tirados de "Oliver Twist", o romance de Charles Dicken, que narra as desventuras de um jovem órfão.

 

Por outro lado, abrimos espaço para contar a emocionante história de uma mãe que despertou para o que podemos considerar o lado mais difícil da adoção, acolhendo três crianças escolhidas pela deficiência mental grave, mostrando que o maior de todos os critérios é o amor.

 

Na tentativa de mostrar que a adoção é um instrumento de fácil acesso, bastando o desejo de realizá-la, abrimos espaço para o juiz José Dantas de Paiva, que tem 20 anos na magistratura de causas da infância e da juventude. 

 

Seu relato se apresenta como um elo, para mostrar que o Judiciário, apesar do histórico de letargia em tantas áreas, se mostra aqui um poderoso aliado, bastando, como já dito, o desejo real da adoção por parte dos pretendentes.

 

"Infâncias Esquecidas" é concluída com um serviço ao leitor. Explicamos o passo a passo da adoção e escolhemos algumas das principais dúvidas que assombram os pretendentes a pais na hora de decidir se estão prontos para abraçar um novo amor.

Por Dinarte Assunção

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